domingo, 30 de setembro de 2007

Da água pra água

Vestimos uniforme escolar desde pequenos. Somos colocados na escolinha, vamos à loja pra experimentar nossa roupa nova de cada dia. Que orgulho!

Lembro-me da minha camiseta branca e da calça verde-escura, que voltava pra casa sempre suja e rasgada nos joelhos. Alguns dos meninos tinham um remendo de couro nos joelhos das calças justamente pra evitar danos.

Vem a escola primária e a calça verde-escura dá lugar à calça azul por um ano e à calça cinza logo depois. Nós, quando crianças, imbecis por natureza (rs), não nos importávamos com a cor do uniforme. O cinza era uma cor clara, fácil de ser sujada, ainda mais por crianças que corriam, pulavam e se jogavam no chão.

Pobres das nossas mães que sofriam pra lavar os serviços da nossa infância. Elas dão graças a Deus quando crescemos: menos trabalho, basta usar a máquina de lavar.

Crescidos, já no ginásio, vemos os estudantes colegiais usando roupas normais na escola. Logo queremos usar também nossas "roupas de shopping" pra estudar. Quem não quer ficar bonito e mostar seu melhor estilo na escola?

Fiz meus dois primeiros anos colegiais no período diurno e usei uniforme, a mesma camiseta branca e calça cinza. Não via a hora de estudar de noite.

Nos dois anos seguintes, estudei no período noturno. O terceiro colegial e o cursinho foram, respectivamente, dois anos de uso de roupas normais. Dois anos de glória sem uniforme.

Vem a faculdade. Tudo novo, cidade nova, pessoas novas. Mais do que nunca, cada um tem o seu estilo. Cada um com suas roupas do jeito que gosta - hoje, particularmente, tem muita gente de verde na sala, e, ironicamente, não sou um deles - cada um à sua maneira, dá água pro vinho, do uniforme padrão ao próprio jeito.

No entanto, em algumas faculdades, são vendidas camisetas com o nome da instituição. Tais camisetas são muito procuradas nas universidades estaduais e federais, afinal muitos têm orgulho da instituição em que estudam. É como se fosse um cartão de visitas de inteligência pra alguns.

Sejam(os) inteligentes ou não, voltamos à nossa época dos uniformes, como crianças que éramos esperando pelo nosso uniforme, continuamos sendo, a espera de um "uniforme universitário".
Agora que o temos, que orgulho! Nem tudo é da água pro vinho.

Ascendência quase constante

Ganhamos, perdemos.
Vencemos, somos derrotados.
Sonhamos, acordamos.
Gritamos, ficamos calados.
Voamos, caímos.
E levantamos.
De que adianta sabermos voar se não sabemos cair?

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Guten tag!

- Oi, você é brasileiro?
- Sou sim.
- Você vai pra Bolívia também?
- Não não.
- Você sabe como funcionam as coisas na fronteira?
- Não, não sei.
"Nossa, estou falando com um gringo!"
- Você é de onde?
- Sou da Alemanha.
- Você fala português bem!
- Eu já sabia. (rs)
- Qual o seu nome?
- Hans, e o seu?
- Luiz, prazer.
- Prazer, Luiz. Você estuda em São Paulo?
- Não, estudo em Assis.
- Não conheço.
- É a próxima parada do ônibus.
- Você estuda numa faculdade particular?
- Sim, estudo na Unesp.
- Fanesp?
- Não, Unesp.
- Ah, não conheço.
- Boa viagem, Hans. Até mais.
- Tchau, Luiz.

Um alemão num ônibus que ia pra Bolívia, passava por Assis e estava parado em Palmital. Uma conversa em português. Foi assim que eu encontrei um estrangeiro no Brasil pela primeira vez.
Pensei em dizer um "guten tag" ou "guten nacht" - eram quase 18h00 e eu não sei como é o esquema* lá - mas como a língua alemã está longe de ser um ponto forte, fiquei com o português mesmo, vai que ele resolve falar alemão de vez.
E ele foi pra Bolívia... o que um alemão faria lá?

*no português, temos "bom dia", "boa tarde" e "boa noite", no inglês temos "good morning", "good afternoon", "good evening" e "good night", no francês temos "bonjour", "bonsoir" e "bonne nuit". Sendo que no inglês usamos good afternoon na tarde mesmo e good evening de noite, quando chegamos e good night de noite, quando vamos embora ou dormir. No francês usamos bonsoir durante a tarde a noite e o bonne nuit é usado só na hora de dormir. Já no alemão... rs

Sonho (de) plástico

Jogar embalagens plásticas no meio-ambiente não é certo, todos sabemos disso.

O plástico demora alguns milhões de anos pra se decompor em meio ao mato e cá entre nós, acho que ninguém nunca viu um pedaço de plástico em decomposição por aí. Portanto, é verdade que o material demora bastante tempo pra sumir do mapa, já que não havia sido inventado há dois milhões de anos atrás, por exemplo.

Como dizem os Titãs: "as flores de plástico não morrem."

Nos últimos dias, ando por aí e vejo sacolas de plástico ou mesmo pedaços de plástico amarrados a plantas e flores. Alguém está tentando plastificar as plantas por aí, afinal, assim elas não morrem.

O plástico não morre. As flores morrem. As flores de plástico não morrem. Se plastificássemos as flores, elas se tornariam imortais então. Pois bem, vamos jogar lixo no chão!

Uma solução fácil pra um problema difícil. Vamos cobrir o desmatamento com um plástico...e tapar o sol com uma peneira também. Que idéia besta.

Ah, se salvar o planeta fosse fácil...

Pelo menos não estragar é fácil, basta cada um fazer a sua parte. "Faça um mundo melhor para seus filhos."

sábado, 15 de setembro de 2007

Childish Dream

Estudei na boa e velha FITO da 1ª série ao 3º ano colegial. Desses onze anos, seis foram passados também na perua do tio Oscar.

Quantos anos e quantas histórias não se passaram na perua 031 de Osasco. Tantas pessoas já andaram com ela também, bons tempos.

Quando eu estava no primário, morria de medo de toda aquela gente grande da 7ª e 8ª séries. Todos andávamos em fila na escola e se a perdêssemos, teríamos que andar no meio da multidão de 5ª a 8ª séries em busca do caminho pra classe sem a professora e os colegas.

Na perua não era lá muito diferente, sentia medo do pessoal maior e , como na escola, achava as meninas bonitas e como toda criança, já achava que "gostava" das meninas.

Eu acho que tinha uns 7 ou 8 anos, foi uma das poucas vezes em que eu passei mal na escola - na verdade foi exatamente a primeira vez.

Estudava de tarde e passei o tempo todo com dor de cabeça, inclusive fiz aula de educação física com dor, mas como era novo na escola e tinha medo de tudo, não fui ao ambulatório da escola e continuei passando mal.

Fui embora pra casa de perua, ainda com dor. No dia, fui sentado perto da porta, talvez por causa da dor e da ânsia de vômito.

Com o balançar da combosa pelas ruas de Osasco, eu só me sentia pior e, quando menos percebi, já tinha sujado todo o assoalho perto de mim de vômito. Urgh.

O tio Oscar era um cara muito gente boa e limpou o meu serviço, reclamando, mas limpou. Ele tinha parado na casa de uma menina da 7ª série, que eu "gostava" e tinha medo, quando eu fiz o serviço, e, enquanto ele limpava, eu fui até a torneira do lado de fora da casa dela e ela disse: "se limpa aí baixinho."

Droga, eu pensei, tinha feito serviço logo na frente da menina que eu gostava e ainda por cima ela tinha me chamado de "baixinho"! Além de sujar tudo, ainda tinha decepcionado o amor da minha vida, ela nunca ia querer mais nada comigo.

Passou o tempo, eu nunca mais a vi depois que ela saiu da perua e esqueci do episódio depois de um tempo também. Me lembrei hoje e resolvi contar. É bom lembrar os tempos de criança, hoje em dia a gente olha pro passado e ri, é como dizia um professor de física que tive: "criança é tudo igual, imbecil por natureza."

Ídolos

Um personagem no palco, um personagem de filmes e um ator.
A voz que ninguém tem, um jeito pra tudo que ninguém tem e um ator.
A presença de palco única, os trejeitos únicos e um ator.
As letras perfeitas e enigmáticas, os jargões piratas e um ator.
Um líder, um capitão e um ator.
Um cantor, um pirata e um ator.
Não há uma pessoa sequer que não se encante com no mínimo uma letra e/ou música do Queen. Bohemian Rhapsody, por exemplo, é uma obra prima não só da música, mas da arte em geral. Alguns dizem até que Freddie Mercury não é "daqui", sendo "daqui" equivalente a esse planeta.
Sparrow, ou melhor, Capitão Jack Sparrow, é um personagem recente do cinema mas que também tem seus seguidores. Johnny Depp realmente encarnou um pirata com Jack, que conquista e reconquista mais fãs a cada filme a cada filme e frase nova.
Jim Carrey, um ator. O ator.
"Constantly talking isn't necessarily communicating."
Carrey dispensa qualquer crítica e comentário.
Fim.

Lucas, Sofia e Godofredo

Às vezes você tem que comprar um presente de aniversário de imediato no dia de festa. Se a aniversariante for menina, a escolha normalmente é fácil, basta comprar qualquer bicho de pelúcia que ela vai gostar e abraçar e fazer carinho. Mas comprar um urso ou um cachorro é muito arroz com feijão nos dias de hoje.

Eu estava caminhando pelo shopping Villa Lobos em São Paulo, já pensando em apelar pro arroz com feijão mesmo, quando eu e meu amigo Victor tivemos a idéia de "fazer" um bicho. Uma loja chamada Happy Town te dá essa possibilidade. Você escolhe o tamanho, as roupas, a fala, o nome e tudo mais.

Depois de uma opinião feminina, escolhemos uma girafa. A escolha da roupa foi fácil, uma cueca boxer e óculos escuros. A escolha do tamanho também, queríamos o bicho gordo, se bem que ele ficou meio bombado, mas enfim, valeu. Tínhamos que escolher entre melodias prontas ou uma gravação personalizada pra ele "falar" quando apertado. Não poderia ser outra palavra senão "mano!"

Faltava só o nome. Pensamos em inúmeros nomes compostos, mas sem sucesso. Então resolvi adotar uma tática diferente: "Victor, se você criasse uma girafa(macho) no quintal, qual seria o nome dela?" ... ... ... "Godofredo!" Decidimos por esse nome mesmo depois de muita risada, inclusive da moça da loja também. Nosso "alvo" gostou do Godofredo e isso foi legal.

Mas voltando a origem do nome dele, criei uma tática interessante pra decidir nomes de crianças. Apenas pense que você tem uma no quintal agora, correndo pra lá e pra cá, e ela tem que ter um nome!

Outra boa alternativa é abrir a janela da sua casa e gritar um nome que soe bem. Por exemplo: "Washington!" - leia óxto - ou então "Jeferson!" - leia jéfso.

Eu particularmente prefiro a minha tática. Se eu criasse uma menininha no quintal, ela se chamaria Sofia e se fosse um molequinho, seria Lucas. Se fosse uma girafa, seria com certeza Godofredo, assim como o presente. Não tem nome melhor pra girafas-macho do que esse.
Já me imagino casado, morando com minha esposa e numa cena com a Sofia, o Lucas e o Godofredo - girafa de verdade - correndo no quintal. Que lindo.

O aluno incapaz e o professor maluco

"Quero que vocês me escrevam uma crônica e, conforme o ano passar, quero que vocês continuem escrevendo e tenham um livro de cinqüenta páginas pra me apresentar no final dele."
"Cinqüenta páginas? Esse professor tá doido, eu não consigo escrever nem um texto!"
Começou assim, professor maluco, aluno incapaz.

Aí vieram o texto no ônibus em cinco minutos, a resenha na classe sobre um livro escolhido, a dissertação nota dez e mais vários outros textos extra-aula.
Quem diria que aluno incapaz poderia ter jeito pra coisa?

É, eu talvez tenha jeito pra coisa mesmo. Ontem quando folheava um livro do Arnaldo Jabor, Sexo é prosa, amor é poesia, de um amigo meu, percebi que um cara que faz comentários, às vezes sem sentido - como ao dizer que todo roqueiro é maluco - no jornal mais famoso e tido como maior exemplo de norma culta da língua portuguesa no país pode escrever bem.

Eu não conhecia o trabalho do Arnaldo como cronista mas me pareceu bom. O livro tem entre vinte e quarenta textos, dos quais li apenas alguns títulos e algumas linhas e gostei.

Se ele não chegou nos cinqüenta textos que o professor pediu e escreveu um livro, eu também consigo! Creio que já passei dos setenta textos, mesmo que uns sejam muito curtos e outros eu não goste.

Ainda assim, falta chão pra chegar num número bom de textos legais a serem postos em livro.
Até já sei qual vai ser o título do livro: "Espetinho e coca-cola"- qualquer semelhança é mera coincidência - ou não, devido aos royalties da coca-cola (rs). O subtítulo vai ser "crônicas da mente de um universitário - como transformar um blog num livro" ou algo parecido com isso.

E pensar que tudo isso começou com um aluno que um dia se julgou incapaz, numa maluquice do professor que depois elogiou os textos desse aluno...

sábado, 8 de setembro de 2007

Conveniência

Um amigo meu viajou pra Argentina a um tempo atrás e disse que o povo de lá é muito leitor. Várias livrarias ficam abertas durante a noite toda e sempre cheias de gente lendo. A idéia é ótima, tem maluco pra tudo nesse mundo mesmo. Nada contra os argentinos, ser patriota é uma coisa e odiar outra nação é outra.

Enfim, é no mínimo conveniente ter uma livraria aberta de madrugada. "Não tenho nada pra fazer, vou lá ler uma revista e comprar um livro".

A livraria Siciliano tem uma filial assim, conveniente, em São Paulo, na Praça Deputado Dário de Barros, nº 15 - Cidade Jardim.

Ir a uma livraria às 2:30 da manhã pode ser tido como coisa de doido, pelo menos aqui no Brasil, já que na Argentina o programa noturno de ler livros e revistas deve ser comum.

Passei uma hora lá dentro olhando tudo quanto é livro e revista e, por incrível que pareça, muita coisa me interessou. Quem diria, a alguns meses atrás, livros eram pesadelos e coisas que eu queria longe de mim. Quanto mais longe melhor. Atualmente, muitos livros me interessam, vi vários ontem. Nunca tinha ido numa livraria e passado tanto tempo, ainda mais de madrugada.

Os tempos mudam. (rs)

Precisamos de mais lojas de conveniência assim pela cidade. É uma vida noturna bem diferente, mas bem legal, um programa bom de fazer às vezes.

Tem maluco pra tudo nesse mundo.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

[ ]

Adoro o seu sorriso desde que te vi rir pela primeira vez. Quando você sorri pra mim, eu desmonto. O chão some e meu coração dispara.

Adoro o seu olhar desde quando você me olhou no mesmo momento em que eu te olhava, sem querer. Agora, por querer, nos olhamos e eu adoro isso ainda mais.

Adoro as suas bochechas, macias de pele lisa, ótimas de serem beijadas, parecem ter um gosto doce.

Adoro quando você diz ter vergonha e fica vermelha. Seja por dizer ou fazer alguma coisa, seja quando você tropeça e quase cai rindo.

Adoro ouvir a sua voz tanto quando você fala (bastante!) quanto você canta só pra mim.

Adoro quando você dança. Ver o seu corpo lindo em movimento é uma visão indescritível.

Adoro seus lábios e seus beijos. Sinto a perfeição em pequenos momentos de cinco minutos (ou mais, rs). O encaixe das bocas é simplesmente sob medida.

Adoro a maneira como você me trata. O carinho, os elogios e os pronomes de tratamento.

Adoro te ver dormindo, como quem olha um bebê, apenas fazendo carinho em seu rosto.

Adoro quando você se deita ao meu lado e mais ainda quando acordo e vejo que você já está perto.

Tanta idolatria por você. Tanta adoração. Tantos elogios. A culpa é toda sua. Te adorar é uma arte, para poucos, bem poucos.

Sorte a minha em ter você

J'adore.

ps.: Texto inspirado em uma zapeada (adoro essa palavra) pelos canais na tv. Vi um casal em uma minissérie em que cada um fez uma lista do que gosta no outro. Gostei da idéia.

Pensamento coletivo

Ver os carros passando, os campos abertos, as árvores sozinhas em meio a grandes pastos.
Ao som de "All you need is love" viajo mais uma vez no ônibus.

Rotina de estrada, escrever viajando é um passatempo, ainda mais ao som dos Beatles. Inspirador.

As poltronas não reclinam o suficiente pra que eu durma.

As pálpebras pesam, o sono é grande. Grande como os canaviais, pelos quais o ônibus passa e descem os trabalhadores de seus velhos ônibus rurais.

Paisagens bonitas roubam a cena da cana às vezes, se bem que pra quem é da cidade, qualquer pasto é lindo, mas enfim...

Ir ao banheiro é uma sensação descritível com poucas palavras: "é pura adrenalina!" Imagine-se fazendo o que tem que fazer com o vento nos cabelos, com o ônibus em movimento numa estrada acidentada e ainda em situação sujeita a um buraco maior na estrada ou a uma freada brusca.

Simplesmente sensacional.

Pra quem gosta de viajar sozinho nos dois bancos, só com a mochila do lado, o ônibus hoje é um prato cheio. No entanto, eu gostei da idéia de viajar sem dormir e de conversar durante a viagem. Espero companhia na próxima aventura pelos sertões da cana no interior paulista.

Quickie

"Mulheres são como pinturas modernas, você não consegue apreciá-las se tentar entendê-las."

Farrokh Bulsara

Vai ver ele desistiu de entendê-las de vez, por isso virou gay. rs