sexta-feira, 25 de junho de 2010

Em time que está ganhando, não se mexe

Marcello Lippi e Raymond Domenech foram finalistas da última Copa do Mundo com Itália e França e, ao contrário do que muitos tifosi e supporteurs pediam, os técnicos deixaram alguns grandes jogadores, os chamados “medalhões”, de fora do Mundial e o resultado o mundo inteiro conheceu nesta semana.

“Gli Azzurri” e “Les Bleus”, “os azuis” nas respectivas línguas, não poderão reeditar a final de 2006. Ambas as seleções voltarão para casa mais cedo - a França já voltou – e serão obrigadas a acompanhar o resto da Copa pela Rai e pela TV5.

No caso da Itália, Lippi foi uomo o suficiente para bater no peito e dizer que a culpa é toda dele, pois não soube escalar o time direito. Bela atitude do (ex) treinador italiano, que será substituído por Cesare Prandelli, atual treinador do bom time da Fiorentina.

O treinador campeão do mundo em 2006 deixou de lado algumas peças chave daquela seleção, como Grosso, Materazzi, Totti e Del Piero. Alguns outros, foram convocados mas estrelaram o banco. Foi o caso de Camoranesi e Gattuso – este, começou como titular contra a Eslováquia, em um jogo que a Itália precisava ganhar, vai entender... Já Pirlo e Buffon se machucaram e desfalcaram a seleção parcialmente, enquanto Il Capitano, Fabio Cannavaro, estava em campo, mas não jogando, apenas curtindo a Copa.

Os pobres atacantes Di Natale e Quagliarella, que já jogaram juntos na Udinese, foram colocados em jogo pra valer apenas na última rodada. Di Natale entrou no lugar do quase sempre apagado Gilardino e Quagliarella entrou no segundo tempo, no lugar de Gattuso. Resultado: os dois foram responsáveis pelos três gols italianos do jogo (em um deles, Quagliarella estava impedido).

Já na França, faltou atitude d’homme ao técnico Raymond Domenech. O francês se recusou a cumprimentar o brasileiro Carlos Alberto Parreira, técnico da África do Sul, após a vitória dos Bafana Bafana sobre os Bleus. A acusação de Domenech foi que Parreira havia dito algo do gênero “a França não merecia estar nesta Copa”. E, pelo que o mundo viu, de fato não merecia.

Classificados graças a uma mãozinha de Thierry Henry contra a Irlanda, os franceses quase repetiram a campanha de 2002, quando Zidane e companhia fizeram um ponto e não marcaram nenhum gol em três jogos. A diferença foi que, neste ano, Malouda marcou um gol, contra a África do Sul.

No entanto, Domenech deixou o resposável direto pela classificação francesa para a Copa do Mundo no banco de reservas na maior parte do tempo – Henry atuou no segundo tempo dos jogos contra Uruguai e África do Sul. A aposta do técnico para o ataque titular foi em Govou e Anelka, sendo que Govou mal tocou na bola durante os jogos e Anelka foi cortado, no meio da competição e suas supostas palavras estamparam uma capa histórica do jornal L’Équipe.

Para os segundos tempos, a opção do supersticioso treinador era Gignac, atacante do Toulouse, que serviu como um Afonso Alves na seleção francesa, ou como um Stéphane Guivarc’h, o centroavante que não fazia gols, da França campeã de 1998. Mas Gignac não é o culpado de nada – fez uma boa temporada na Ligue 1, foi artilheiro com 24 gols – o ambiente não estava bom para ninguém na seleção da França.

Com jogadores como Benzema, Nasri e Trézeguet de fora, e sem alguém do calibre de Zidane na equipe, os franceses, mesmo com os badalados Ribéry e Malouda, pouco puderam fazer diante do clima que os assombrava. Restou a eles a volta para casa e a espera pela Copa do Mundo no Brasil de 2014. Se tudo der certo até lá, o técnico será o campeão mundial de 1998, Laurent Blanc.

Portanto, por um Q de insistência e orgulho dos treinadores, Itália e França ficaram na primeira fase da Copa do Mundo de 2010. Vale lembrar que, em 2002, Luís Felipe Scolari bateu o pé até o último minuto e não levou Romário para o Mundial realizado no Japão e na Coreia, do qual o Brasil saiu com a quinta estrela na camiseta. Aliás, muito se falava de Ronaldinho, Ganso e Neymar para este ano e Dunga está na África sem os 3, indo muito bem, obrigado, segundo ele mesmo.

A resposta para as convocações de Dunga e Felipão? Em time que está ganhando, não se mexe!