sexta-feira, 25 de maio de 2007

Carta de amor

Sonho com você quase toda noite. Ouço a sua voz a todo momento. Vejo seu rosto em todo canto que olho. Sinto seu beijo toda vez que o vento bate na minha boca.

Devo viver num mundo de ilusão para sentir tanta coisa assim sem realmente te ver ou ouvir. Não sei se posso chamar essa "coisa" de amor.

Amar é um verbo complicado e o amor é um substantivo ainda mais incompreensível. Não sei qual seria a sua interpretação se eu te dissesse "te amo". São palavras complicadas que não são endereçadas a qualquer um, mas você está longe de ser qualquer uma.

Poderia terminar essa carta com um "te amo", logo depois do parágrafo acima, mas seria muito comum e não digno de ser chamado de crônica.

Depois de passar a tarde toda ouvindo músicas chamadas de "românticas", resolvi passar algo para o papel. Alías, músicas são clichês em cartas de amor também e admito que eu mesmo costumava usá-las. No entanto, agora escrevo com a cara e a coragem, sem música.

De volta ao meu mundo de ilusão, sinto novamente o seu beijo, desta vez no rosto, mais suave, mas igualmente ótimo. Como eu poderia dizer que sinto o seu beijo sem ao menos ter sentido realmente, e ainda por cima dizer que foi bom?

Beijo de amor é sempre bom. Se um relacionamento começa com um beijo ruim é porque não vai dar certo. Me sinto como quem criou uma máxima agora, mas enfim, a idéia de sentir um beijo sem ele ter acontecido é completamente ilusória e independente de qualquer máxima, ditado, provérbio ou aforismo. É bom e pronto.

Então, como dizer se estou amando? Não sei, se eu soubesse já teria te dito "te amo" antes e acabado com a carta sem divagar sobre nada.

Portanto, mesmo sem ser qualquer uma, fica difícil dizer "te amo" assim.

Te amo.

Se amar fosse fácil, não teria graça nenhuma. E mais, já estou cansado de divagar sobre o nada e enrolar tanto, mas se o "te amo" não viesse numa hora inesperada não seria uma crônica, e sim uma carta de amor, clichê.

Aqui é outro lugar onde eu poderia dizer "te amo", no final.

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